Quase um ano...
Já faz quase um ano inteiro que vivo em Barcelona, e tenho que admitir, não foi nada do que eu esperava.
Dentro de um ano, tive trabalho, algumas viagens, músicas latinas que grudam mais que sertanejo, queimaduras de sol, um ataque terrorista, uma tentativa de independência e uma ligeira introdução a cultura Espanhola/Catalã.
Parece bom, não é?
Se alguém tivesse me perguntado há alguns anos atrás, como eu me imaginaria morando na Espanha, a resposta provavelmente seria algo completamente diferente do que se passa na minha cabeça hoje.
Eu expliquei em um post anterior sobre minha vinda para Barcelona, e já que sempre quis trabalhar fora do Brasil, tive que tomar algumas decisões, avaliar prós e contras, mesmo que naquele momento não ter nada a perder e nada pendente ajudou muito.
Quando nos mudamos, precisamos nos adaptar com um novo lugar, fazer novos amigos, etc… e no meu caso tentar entender o mercado de trabalho e também a comunidade de tecnologia do local.
Penso que os primeiros 6 meses foram os piores, principalmente por se estar sozinho em um lugar não só desconhecido, mas também por ter uma cultura e idioma diferentes. Ter vindo durante o inverno não facilitou muito se socializar no início, mas depois de alguns meses, trabalhando/estudando e viajando as coisas começaram a fluir melhor até que me adaptei. Os amigos que fiz, em grande parte são do Brasil, depois latinos/espanhóis, além de gente de diversos países que acabaram virando amigos nesse meio tempo.
Ao invés de falar sobre procurar moradia, clima e preocupações sobre o idioma/cultura, tenho que dizer que no começo foi um pouco turvo e um aprendizado constante, pois, se socializar foi um dos pontos fundamentais para mim, e foi algo que me ajudou a se adaptar.
O lado ruim
Uma das coisas mais tristes é não fazer mais parte do cotidiano das pessoas, e com isso não ir a casamentos e aniversários de amigos e membros da sua família, afinal, você esta morando fora, é normal sentir saudades de casa. Mas isso não quer dizer que você não vai mais existir para eles, já que família e bons amigos são para sempre.
Eventuais desentendimentos por conta de diferenças culturais, que as vezes farão algumas pessoas ter a ideia errada sobre você, logo nem mesmo tendo o mesmo idioma fará que as coisas sejam as mesmas. Mas uma vez que aprendemos e respeitamos as coisas tudo fica numa boa, apenas seja humilde.
Você esta em um lugar estranho, e será sempre o imigrante, com uma cultura diferente e idioma diferente. Mas isso não quer dizer que você vai sofrer algum tipo de racismo/preconceito/bullying, mas poderá impactar na hora de procurar um trabalho quando for comparado com um nativo com suas mesmas qualidades, logo, use o que poder ao seu favor e tenha seu diferencial. Conheci alguns brasileiros que estão aqui trabalhando em qualquer trabalho, seja como garçom ou atendente de bares (que precisa lavar banheiro), ajudantes de cozinha (que lavam pratos), trabalhar em construção, empregadas/faxineiras, etc.
O financeiro é algo que só quem esta aqui vai entender, uma vez que já não se pode fazer comparação de valores pelo câmbio, mas sim pelo que aquilo te permite ter. Aqui a lei do quem converte não se diverte se aplica o tempo todo, especialmente quando ir a um novo destino esta por menos de 50€.
Mesmo com as diferenças, um pouco de perda de referência pela absorvição uma nova cultura, ter um círculo social restrito no início possa ser algo negativo, nós sempre podemos nos adaptar, e se as coisas não estiverem como queremos, sempre existe um novo destino.
Conheci um brasileiro que vive em Barcelona há 3 anos e trabalha como garçom em um restaurante, e me disse em um breve resumo:
Entre uma situação ruim no Brasil e aqui, eu prefiro continuar aqui.
Creio que é algo a se pensar.
Sem mais.
O lado bom
Morar fora vai te prover a oportunidade de conquistar sua própria independência e também irá gerar uma experiência única, mesmo com partes ruins. Diferente de apenas viajar para algum lugar, o sentimento de estar longe de casa com o tempo já não é algo tão forte, uma vez que você se adapta com o lugar em questão tempo.
Você vai ter a oportunidade de aprender coisas novas, além de uma nova cultura, idioma ou até mesmo novas habilidades culinárias, você terá um novo jeito de viver e ver o mundo.
Se seu foco é currículo, existem vários cursos por ai, muitas vezes de graça, tanto do idioma local do país, tantos outros quantos oferecidos como bolsas de estudos por universidades.
O mundo parece encolher, e mesmo sendo um lugar imenso e intocável, com o tempo irá parecer algo da nossa imaginação, não só pelos lugares turísticos, mas especialmente por aqueles pouco conhecidos e ainda assim, cheios de história e cultura.
Ter a mentalidade mudada para um viajante ou mochileiro, te faz um eterno turista, e em apenas um ano eu viajei quase 20 diferentes destinos (sendo 7 na Espanha) em 8 países diferentes, onde além de conhecer lugares com sua cultura e história fascinantes, também teve muita gente nova e até alguns amigos, além de experimentar a gastronomia local e ver lugares extraordinários.
Próximos destinos: Escandinávia, Grécia e Ásia. Com alguns outros destinos que possam aparecer ou simplesmente se repetir.
Esta sendo genial viver na Europa!
E o resto?
Não quero me estender neste post, acredito que não preciso citar coisas como transporte público, pouco trânsito e sistema publico de saúde que funciona como pontos fortes, já que isso é um padrão que existe em toda Europa.
Em um futuro direi mas coisas sobre o custo de vida de se viver em Barcelona, embora você possa encontrar a resposta para essa pergunta perguntando ao Google.
Obs
Sim, realmente a parte do atentado foi algo que me chocou, mas essas coisas podem acontecer em qualquer lugar, e mesmo sendo triste, não vamos esquecer que temos diversos atentados em nosso país todos os dias.
Sobre a independência, não sei dizer o que vai acontecer, mas acho que não vai dar em nada por um bom tempo, até faço uma comparação com a Revolução Farroupilha, onde por mais que entenda as motivações, não é algo tão simples.
Opinião política, é algo que guardo para mim.
Até a próxima.
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